quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

ou então amar-te

ou ser louca

hoje quero ser marionete

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Máscaras

máscara que ri, máscara que chora
labiríntico teatro, sorte caipora
boca de cena, teia, esquerda alta
um actor alucinado, sob as luzes da ribalta
sereias, centauros, serpentes,
novelos de arame farpado
um diamante manchado
pelo sangue dos inocentes
a cada um o seu fado
quem virá prantear a triste vida do soldado

ó triste madrugada
lágrima de fogo, incêndio, terra queimada
calor que arrefece os nossos corações
no palco vazio, um lamento
na mentira dos espelhos, um actor
um sincero fingimento
máscara que ri, máscara que chora
e agora?



José Medeiros e Laura Lobão

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Cartas

Quando o vento se levanta e passa , tua cabeça adormecida põe-se a brilhar. Em redor dela um halo de sombra onde a minha mão entra, vagarosamente, pedindo-te um sinal. Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. Toco a alba das pálpebras que, de súbito, se abrem para mim. Um fio de luz coalha na saliva do lábio. Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro. Mas não há repouso nesta paixão. O dia cresce sem luz - e os pássaros soltam-se do pólen dos sonhos, embatem contra os nossos corpos. Nada podemos fazer. Um risco de passos ensaguentados alastra pelo chão da cidade. A noite cerca-nos, devora-nos. Estamos definitivamente sozinhos. Começamos, então, a imitar a vida um do outro. E, abraçados, amamo-nos como se fosse a última vez... O tempo sempre esteve aqui, e eu passei por ele quase sempre sozinho. No entanto, recordo: deixaste-me sobre a pele um rasgão qu ejá não dói. Mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor. Dantes, o olhar seduzia e matava outro olhar. Agora, odeio-te por não me pertenceres mais. Odeio-te. Abro os olhos. Regresso ao meu corpo e odeio-te. E, quem sabe se no meio de tanto ódio não te perdoaria - mas ambos sabemos que o perdão não existe. Se fugias, perseguia-te. Mas o olhar começava a cegar. Sentia-te, já não te via. E o pior é que o tacto também esqueceu, rapidamente, a sensualidade da pele e o calor do sexo. O rosto aprendido de cor. Hoje, tudo se sobrepõe. Nomes, rostos, gestos, corpos, lugares... um montão de cinzas que me deixaste como herança. Não devo perder tempo com ciúme. A paixão desgastou-me. E nunca houve mais nada na minha vida - paixão ou ódio. Só isto: se me aparecesses agora, tenho a certeza, matava-te.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

A( )mar

Sabes amar e a mar tão bem...